meeiros '25
(bahia - 2018)
o projeto
O sistema econômico do cacau no padrão de exportação do produto como commodity é sustentado mundialmente por uma lógica desumana e imoral, em que a exploração da mão de obra e o trabalho semi-escravo são práticas comuns nas zonas de cultivo.
A cadeia produtiva no Brasil não foge dessa condição. Na Bahia, um dos principais polos de cultivo, a cacauicultura chegou a ser a base de todo o desenvolvimento estadual. Porém, o trauma socioeconômico causado pela crise da Vassoura-de-Bruxa, a partir de 1989, reduziu em 72% a produção do cacau, levando a falência de muitos produtores rurais, e causando desemprego de aproximadamente 200 mil pessoas.
Quase 30 anos depois do início da crise, a palavra que marca a região é abandono. Nas paredes das antigas fazendas. Na pele. Os trabalhadores do cacau permanecem esquecidos, agora escondidos sob um teto remendado da antiga Casa-grande. E a terra ancestral, como objeto do desejo, torna-se frustração. Na Costa do Cacau, chão de contrastes, mudam-se os tempos, mas a história parece repetir o caminho: filhos plantam as novas safras de cacaueiros em riba de seiva do próprio pai, enraizado à terra dos outros.
O documentário Meeiros, dos diretores Pedro Stropasolas e Vitor Shimomura, tem como eixo central a história de quatro famílias de trabalhadores rurais da Costa do Cacau, cujas atividades laborais representam as principais relações de trabalho estabelecidas após a crise: a parceria agrícola; a dupla jornada; o trabalho em assentamentos e o fichamento. O documentário utiliza fragmentos da literatura de Jorge Amado como meio de contextualização histórica da microrregião de Ilhéus, principal zona de cultivo.
A produção aborda os conflitos, os anseios, os causos e o dia-a-dia da produção, visando fortalecer a história dos trabalhadores e servindo como instrumento crítico de contestação ao modelo convencional de produção agroexportadora. A proposta visa repensar a historiografia Sul-baiana para além da dominação política e social, tradicionalmente exercida pela influência de coronéis e empresas multinacionais.
Direção: Pedro Stropasolas e Vitor Shimomura
Fotografia: Pedro Stropasolas e Vitor Shimomura
Montagem: Pedro Stropasolas e Vitor Shimomura